DESENVOLVIMENTO NO ESCURO
CARTOGRAFIAS SUBJETIVAS COMO LEGITIMAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO POPULAR EM CONSTRUÇÃO DE BARRAGEM
Palavras-chave:
Socioambiental, Desenvolvimento, Direito, Acesso à Justiça, Políticas PúblicasResumo
A percepção subjetiva dos fatos históricos e sociais é alcançada a partir da realidade local em comunidades tradicionais no interior do Brasil. A cidade de Morada Nova de Minas é apresentada neste trabalho, sob a narrativa dos moradores, com o objetivo de anunciar o que foi vivido a partir da ocupação das terras municipais pelas águas represadas na construção da barragem de Três Marias. O campo explorado é ressignificado quando uma população independente e altamente produtiva retrocede ao uso de lamparinas. A metodologia do uso de entrevistas semiestruturadas, parte da reflexão dos saberes orais, das experiências vividas e da importância de interpretar os fatos a partir da oratória de um povo não vocalizado. Grandes obras possuem argumentos complexos, como neste caso, as finalidades múltiplas de contenção das enchentes, produção de energia elétrica, irrigação e navegabilidade do rio, fatos que apresentam diversos significados que justificaram esse modelo de projeto. Como resultado, percebeu-se a ausência de mitigação dos impactos causados às comunidades ali existentes em educação, transporte, economia, saúde e independência. Ausentou-se do discurso as previsões de direitos, deveres e políticas públicas que seriam implantadas para que o desenvolvimento, enquanto liberdade, para ser exercida a vida plena das pessoas. Percebeu-se a ausência de participação, investimento social e ambiental, temas indissociáveis, confrontados no texto a partir do discurso nacional desenvolvimentista.
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